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Desde o ano passado, o Banco Central começou a implementar o Open Banking no Brasil. A expressão, em inglês, significa simplesmente “bancos abertos” e na prática quer dizer que as instituições financeiras poderão, a partir da aprovação de cada cliente, trocar informações para poder melhorar a oferta de produtos e serviços para seus clientes. 

Com a implementação dessa nova solução pelo Banco Central, os bancos iniciaram a sua divulgação e muitos consumidores, mais desconfiados, se perguntam: “Se o banco quer que eu faça isso, será que é algo bom para mim?”.

Dado o histórico que muitas pessoas têm de cobranças indevidas, produtos mal explicados, entre outros problemas, é justificável que haja algum nível de desconfiança com o sistema financeiro de forma geral. 

Homem sentado em sofá com laptop no colo olha para celular que segura na mão direita. Ele é negro, usa camisa xadrez de laranja e branco, tem cabelos e cavanhaque pretos. Atrás dele, uma janela com cortina branca e, à esquerda de sua cabeça, um microondas branco
No entanto, o Open Banking pode ser uma solução para uma das grandes dificuldades dos brasileiros, em especial aqueles de menor renda, no seu relacionamento bancário e no acesso a bons empréstimos.

Em estudos do instituto de pesquisa Plano CDE, identificamos dois grandes desafios para que os brasileiros consigam empréstimos favoráveis com os bancos:

1)     Desafios para construir garantias para o empréstimo

2)     Falta de informação dos bancos sobre os clientes.

Os bancos, ao avaliar o risco de um empréstimo e, com isso, decidir os valores, prazos e juros, pedem, algumas vezes, garantias para poder liberar o crédito. As garantias mais comuns são um imóvel ou um automóvel. 

Sabemos que muitos brasileiros não têm como colocar esses bens como garantias, por duas razões: ou eles não possuem esses ativos ou esses são seus únicos e mais valiosos ativos, tornando seu uso como garantia um pouco mais assustador.

Em segundo lugar, existe a falta de informações. Ao avaliar um pedido de empréstimo, os bancos tentam entender se esse cliente têm uma renda que se repete todo mês, algum dinheiro guardado, se costuma pagar outras contas no prazo ou em atraso, etc. Isso tudo forma o famoso “score de crédito”. 

 

No entanto, hoje em dia, o banco só consegue acessar informações públicas ou que sejam obtidas pelo próprio banco (por exemplo, pagamentos feitos na mesma instituição onde você pediu o empréstimo). 

Para piorar, quanto menor a renda da pessoa, maior a chance de que ela use muito o dinheiro vivo, em notas, em seu dia a dia. Isto é, mesmo que ela seja uma ótima pagadora, esses pagamentos em dinheiro não aparecem no seu histórico e o banco não são considerados na avaliação de crédito.

O Open Banking ajuda a resolver exatamente esse tipo de problema. Se, até agora, o banco X não sabe se você tem alguma renda todo mês, e que você tem o hábito de poupar, o Open Banking permite que você libere essas informações para ele. 

Isso poderá facilitar seu acesso a um empréstimo mais barato ou a um cartão de crédito com juros menores do que o que você tem no banco atual. Basta você avisar seu banco atual pra liberar suas informações pro banco X. 

Você pode se perguntar: por que meu banco passaria meus dados pra outro banco? Porque ele é obrigado, com este novo sistema de Open Banking, desde que você autorize. 

 

É algo semelhante à portabilidade dos números de telefones. Além disso, como mais instituições poderão ter acesso a essas informações (sempre com o consentimento do cliente), haverá um aumento da concorrência, também empurrando os preços para baixo. 

O Open Banking pode ser, sim, bom para os bancos, mas ele também vai ser bom para os clientes dos bancos.

 LinkedIn: Breno Herman Mendes Barlach

Instagram: @planocde

 

 

* Esse artigo é de autoria do colunista Breno Barlach e não reflete necessariamente a opinião do Banco PAN.