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Cálculo do Dieese se refere a valor médio para setembro entre as 17 capitais pesquisadas. Veja os produtos que subiram em mais lugares
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06.10.2021
controle
seus gastos
PorRedacao | Millena PAN
Para comprar uma cesta básica em setembro de 2021, trabalhadores que recebem o salário mínimo tiveram que gastar 56,53% dos seus ganhos líquidos, depois do desconto da contribuição para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Em agosto, esse percentual era de 55,93%.
A constatação foi feita pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), na divulgação mensal da pesquisa da cesta básica, feita nesta quarta-feira (6). O levantamento de preços é feito em 17 capitais do país.
O salário mínimo atual é de R$ 1.100. Quem ganha esse valor recebe, de fato, R$ 1.017,50, depois do desconto de 7,5% referente ao INSS.
Em setembro, a cesta mais cara foi constatada em São Paulo: R$ 673,45. Esse valor representa 66,19% do mínimo. Em agosto, a cesta básica mais cara estava em Porto Alegre (R$ 664,67), o que equivalia a 65,32% do piso nacional.
Veja qual o valor da cesta básica em cada capital em setembro e quanto ele representou em relação ao salário mínimo líquido, de acordo com o Dieese:
São Paulo: R$ 673,45 (66,19%)
Porto Alegre: R$ 672,39 (66,08%)
Florianópolis: R$ 662,85 (65,14%)
Rio de Janeiro: R$ 643,06 (63,20%)
Vitória: R$ 633,03 (62,21%)
Campo Grande: R$ 630,83 (62%)
Brasília: R$ 617,65 (60,7%)
Curitiba: R$ 610,85 (60,03%)
Belo Horizonte: R$ 582,61 (57,26%)
Goiânia: R$ 574,08 (56,42%)
Fortaleza: R$ 552,09 (54,26%)
Belém: R$ 532,56 (52,34%)
Natal: R$ 493,29 (48,48%)
Recife: R$ 489,40 (48,1%)
Salvador: R$ 478,86 (47,06%)
João Pessoa: R$ 476,63 (46,84%)
Aracaju: R$ 454,03 (44,62%)
Em setembro, quem ganha um salário mínimo teve que trabalhar 115 horas para adquirir os produtos da cesta pesquisada pelo Dieese. É mais do que as 113 horas e 49 minutos constatadas em agosto.
O valor da cesta básica subiu em 11 das 17 capitais analisadas pelo Dieese. Brasília foi a cidade que registrou maior aumento da cesta básica em relação ao mês anterior: 3,88%. Depois, vieram São Paulo e Campo Grande, com a mesma variação: 3,53%.
As 6 cidades que tiveram redução desse valor em setembro foram: Natal, João Pessoa, Aracaju, Salvador, Fortaleza e Recife.
No entanto, em relação a setembro do ano passado, o preço desse conjunto de alimentos subiu em todas as cidades. Veja a variação desse valor no acumulado dos últimos 12 meses:
Brasília: 38,56%
Campo Grande: 28,01%
Porto Alegre: 21,62%
São Paulo: 19,54%
Belo Horizonte: 18,51%
Vitória: 17,37%
Natal: 16,81%
Curitiba: 16,52%
Belém: 15,97%
Rio de Janeiro: 14,07%
Florianópolis: 13,81%
Fortaleza: 13,66%
Goiânia: 12,45%
João Pessoa: 10,32%
Aracaju: 6,30%
Recife: 5,40%
Salvador: 4,25%
Os números acima mostram que apenas 3 capitais estão com a variação do valor da cesta básica abaixo da inflação do mesmo período medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Nos 12 meses terminados em agosto, que é o último dado disponível até o momento, o acumulado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) medido pelo IBGE é de 9,68%.
Os dados do Dieese mostram que açúcar e café voltaram a ser os principais “vilões” da cesta básica, com aumentos de preços na maior parte das cidades pesquisadas.
Esses itens foram acompanhados pelo óleo de soja e pão francês, que também contribuíram para consumir grande parte da renda de quem ganha até 1 salário mínimo (R$ 1.100)
Veja abaixo as variações de preços de diversos itens medidos pelo Dieese nas capitais brasileiras que fazem parte da pesquisa e entenda também o motivo dessas oscilações de valor:
Açúcar (kg): aumento em todas as capitais. Os maiores aumentos ocorreram em Belo Horizonte (11,96%), Vitória (11,00%), Brasília (9,58%), Goiânia (9,15%) e Campo Grande (7,94%).
O principal motivo do aumento foi a oferta restrita de cana-de-açúcar, por causa do clima seco e da falta de chuvas.
Café em pó (kg): subiu em 16 capitais, com destaque para as variações de Goiânia (15,69%), Campo Grande (14,79%), Brasília (10,03%) e Natal (9,00%).
A valorização do dólar em relação ao real, os problemas causados pelo clima (geada no final de julho e tempo seco) e maior demanda interna e externa pelo grão são as causas do aumento do custo do grão.
Óleo de soja: alta em 15 das 17 capitais, entre agosto e setembro. Esses aumentos oscilaram de 0,37% em Salvador a 3,40% em Campo Grande.
Motivo, segundo análise do Dieese: o volume de exportação cresceu, em especial para a China. Com o problema de escoamento de grãos nos Estados Unidos, a demanda internacional esteve voltada para a soja brasileira. Também houve maior procura do óleo para a produção de biodiesel.
Pão francês (kg): subiu em 14 capitais, com variações de 0,14%, no Rio de Janeiro, a 2,53%, em Brasília.
Além do aumento de custos, como o da energia elétrica, o trigo importado ficou mais caro com a valorização do dólar em relação ao real.
Leite integral (litro): aumento em 11 capitais. As maiores altas foram observadas em João Pessoa (2,55%), Fortaleza (2,45%) e Belém (2,19%). A menor qualidade das pastagens, as altas nos custos de produção e a forte competição das indústrias por matéria-prima explicam a baixa oferta de leite no campo e a alta dos derivados no varejo.
Carne bovina de primeira (kg): aumentou em 11 capitais. As maiores altas foram em Vitória (4,64%), Campo Grande (3,19%), Brasília (2,25%) e Natal (2,17%). Já as maiores reduções foram nas capitais do Sul: Florianópolis (-2,28%), Curitiba (-0,95%) e Porto Alegre (-0,79%).
Apesar da suspensão da exportação da carne para a China e da menor demanda interna, consequência dos altos preços no varejo, as cotações seguiram elevadas na maior parte das cidades, devido às condições ruins das pastagens, ao clima seco e aos altos custos de produção.
Mas outros produtos tiveram redução de preço entre agosto e setembro na maior parte das cidades, de acordo com a pesquisa do Dieese. Os destaques são:
Feijão: recuou em 13 capitais. O tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, registrou queda em 9 capitais, oscilando entre -1,88, em Belém, e -0,24%, em Recife. As altas ocorreram em João Pessoa (0,87%), Natal (0,39%) e Salvador (0,12%).
Já o custo do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, não variou em Florianópolis e diminuiu em Curitiba (-1,93%), Vitória (-1,22%), Porto Alegre (-1,05%) e Rio de Janeiro (-0,59%).
Arroz (kg): recuou em 10 capitais, sendo que as quedas variaram de -5,79% em Porto Alegre a -0,44%, em Curitiba. As maiores altas foram registradas em Aracaju (3,82%) e Vitória (3,04%).
A demanda interna, tanto do setor atacadista como do varejista, está fraca, consequência dos altos preços e da queda no poder de compra da população.
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