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OPINIÃO: Desafios para o empreendedor da base da pirâmide

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08.10.2021

 

PorRedacao | Millena PAN

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Palavras entram e saem de moda ao longo do tempo. Uma das palavras da moda atualmente é empreendedorismo. Atividades que antes eram tratadas como bicos, empregos informais ou trabalhos por conta própria ganharam um novo status, o que traz consigo uma série de oportunidades também. 

À medida que o tema do empreendedorismo ganha relevância, mais cursos se abrem para apoiar quem começa, mais bancos olham para esse público para ofertar produtos e serviços e mais políticas públicas são direcionadas para isso.

No entanto, para a maior parte da população brasileira, empreender nunca foi uma novidade. Com os desafios para fechar o mês, toda família dessas classes já teve de ser empreendedora em algum momento, para conseguir cumprir com todos os compromissos. 

Uma análise de dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) realizada pelo IBGE em 2019 mostra que 60% da renda das classes C, D e E vem de fontes variáveis, isto é: bicos, trabalhos por conta própria, vendas etc.

Gente que empreende mesmo antes de a palavra estar na moda, e que nos lembram que a palavra “empreendedor” inclui empresários, mas também vendedores de comida, eletricistas, entregadores: todos aqueles que correm atrás por conta própria. 

Rapaz de bicicleta com capacete e mochila de entrega

Em um estudo com beneficiários do Bolsa Família, foi identificado que quase metade desse público usa algum eletrodoméstico da casa como ativo para ganhar uma renda extra: seja cozinhando para fora, lavando a roupa para vizinhos ou outras atividades. Isto é, mesmo quando investem na própria casa, os brasileiros estão também investindo em negócios potenciais.

Com a crise atual causada pela pandemia da Covid-19, os “corres” para chegar ao final do mês se tornaram ainda mais comuns e mais importantes para as famílias da base da pirâmide. 

Com mais gente empreendendo, evidenciou-se também como há um enorme gargalo na formação das pessoas para as competências necessárias para gerir um negócio de maneira mais saudável. 

Essas competências podem ser divididas em dois tipos: atributos que chamamos de “comportamentais” e competências mais técnicas. Nenhuma delas é oferecida nas escolas de modo a tornar as pessoas preparadas para começar negócios por conta própria.

Mulher de blusa verde e avental branco, em um ambiente aberto, sorri

Entre as comportamentais, aquelas que os empreendedores com quem conversamos mais destacam que gostariam de aprimorar são: a resiliência, que seria a capacidade de enfrentar desafios e manter a calma perante dificuldades – algo superimportante para quem está empreendendo; a extroversão, ou a diminuição da timidez, que permite que a pessoa tenha segurança para falar em público, conversar com quem não conhece, negociar com fornecedores, etc. E, por último, a autoconfiança, que garante que o empreendedor ou a empreendedora se sinta seguro de que é capaz de seguir em frente com seu negócio, sem desistir.

Além dessas competências mais subjetivas, os empreendedores brasileiros também enfrentam dificuldades mais técnicas, que incluem desde o desafio de gerir as contas do negócio, sabendo exatamente quanto entra todo mês e quais são os custos de cada atividade, até o entendimento de técnicas de divulgação e venda. 

Em termos de gestão financeira, um dos grandes desafios é a separação do dinheiro oriundo do empreendimento do restante do dinheiro da casa. Quem busca empreender deve sempre pensar em quanto consegue tirar por mês do negócio, mas deixar uma parte reservada para emergências que possam ocorrer ali.  Sem esse controle, muitas atividades que poderiam dar certo acabam afundando ainda no início. 

Sobre divulgação e vendas, muitas pessoas que entrevistamos pedem mais apoio para lidar com vendas nas redes sociais e formas de chegar em mais pessoas.

O interessante de pensar nessas competências que os empreendedores precisam adquirir para gerirem seus negócios é que percebemos que muitas vezes o problema não é somente a falta de dinheiro. 

Homem mexe em laptop que está sobre uma mesa, onde há uma caneca listrada de azul e branco. Ele está em uma cozinha e, à sua esquerda, aparecem um liquidificador e uma geladeira 

Claro que todo negócio quer ter acesso a crédito, mas, antes de assumir dívidas, pode ser importante pensar em buscar apoios para buscar novos clientes e lidar com os desafios das vendas, além de ajuda para organizar as contas dos negócios e a gestão financeira separada do empreendimento e da casa. 

O cuidado com esses dois pontos pode ajudar muitas dessas pequenas empresas lideradas por quem corre atrás em busca de uma vida financeira mais saudável para as suas famílias.

LinkedIn: Breno Herman Mendes Barlach

Instagram: @planocde

 

 

* Esse artigo é de autoria do colunista Breno Barlach e não reflete necessariamente a opinião do Banco PAN.

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