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OPINIÃO: Pandemia e o endividamento

ARTIGOS

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6min. de leitura

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25.10.2021

 

PorRedacao | Millena PAN

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Não é novidade para ninguém que a pandemia trouxe um grande estresse econômico para muitas famílias no Brasil. Em geral, a população de menor renda foi a mais afetada pela desaceleração da economia nos últimos 18 meses. 

Ao mesmo tempo em que as pessoas das classes C, D e E se viram impactadas pelo aumento do desemprego e diminuição da renda, elas também foram as que mais tiveram de sair às ruas para trabalhar, por terem ocupações que não permitem a mudança para o trabalho remoto, dentro de casa.

Recentemente, estudo publicado pela Fundação Getulio Vargas mostrou os efeitos dessa situação na vida das famílias brasileiras. 

Esse estudo, disponível no site da instituição, mostrou um aumento do que eles chamam de “estresse financeiro” na vida das famílias. Esse estresse é composto por dois elementos: famílias que utilizaram de suas reservas (a poupança) para pagar contas fixas e famílias que se endividaram para pagar essas contas. 


Os dois casos representam um perigo para a saúde financeira familiar, porque demonstram que os salários dos moradores da casa não conseguem cobrir todos os custos de vida.

No entanto, nós sabemos que a população de menor renda raramente consegue ter alguma reserva guardada de longo prazo. 

Muitas famílias vivem no limite de suas rendas, com algum dinheiro disponível para sobreviver um ou dois meses sem renda, em caso de desemprego. Sem poupança, o público de menor renda acaba tendo de apelar para o endividamento como alternativa para chegar ao fim do mês. 

A pesquisa mostra que 22% das famílias de renda até R$ 2.100 tiveram de se endividar para cobrir custos fixos da casa no último mês.

Esse dado ocorreu no momento de redução do auxílio emergencial. No entanto, esse é apenas um dos fatores. A redução do mercado de trabalho, que é mais forte entre trabalhadores informais ou por conta própria, é a principal explicação para esse estresse financeiro das famílias. 

Além disso, o custo de vida desse público também é o que mais subiu. A inflação, que é o aumento no preço de tudo o que consumimos ao longo do tempo, não é igual para as famílias mais ricas e as famílias mais pobres. 

Como cada família compra bens e produtos diferentes, o impacto do aumento de preços também é diferente para cada família. 

Para dar um exemplo bastante simplificado, se o preço do feijão sobe e o da gasolina cai, famílias que utilizam o carro com frequência podem sentir uma redução no seu custo de vida total. Mas famílias sem carro sentirão somente o aumento do preço da comida. 

Foi o que aconteceu recentemente: no último ano, o custo de vida de quem tem renda média ou baixa subiu quase 30% mais do que o custo de vida de quem tem renda maior.

Esse estresse financeiro tem efeitos além do endividamento. No livro “Escassez”, psicólogos mostram como a pressão para conseguir fechar as contas faz com que as pessoas tenham desempenho pior no trabalho e acabem se endividando ainda mais.

Mulher de blusa rosê sentada em frente a mesa onde estão um laptop e um celular apoia testa com a mão direita enquanto olha para conta que segura na esquerda
O estresse financeiro afeta todas as áreas da vida. A combinação de aumento do desemprego, inflação e dificuldades de criação de poupança criou a situação de estresse econômico descrita na pesquisa. 

No curto prazo, é essencial que as famílias consigam encontrar alternativas mais baratas para isso, incluindo corte de custos e busca por melhores condições de crédito e novas fontes de renda extra. 

A recente lei aprovada contra o superendividamento é positiva, ao incentivar as pessoas a entenderem melhor seus contratos de empréstimo. A continuação do auxílio emergencial também é benéfica e pode trazer algum alívio para a população mais impactada pelos efeitos dessa crise.

LinkedIn: Breno Herman Mendes Barlach

Instagram: @planocde

 

* Esse artigo é de autoria do colunista Breno Barlach e não reflete necessariamente a opinião do Banco PAN.

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