O que você vai ler neste artigo:

Por que o arroz está tão caro?

ARTIGOS

 • 

7min. de leitura

 • 

24.09.2020

 

controle
seus gastos

PorRodrigo Chiodi

O arroz ficou de repente tão caro que o valor virou meme nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp.

1.jpg

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), o quilo de arroz teve alta acumulada de 120% nos últimos 12 meses. Ou seja, se, um ano atrás, um saco custava R$ 8,00 em algumas cidades, hoje já custa cerca de R$ 18,00. E tem lugares que hoje chega a custar R$ 30,00 segundo o jornal Correio Braziliense.

Mas por que, afinal, isso aconteceu?

Não, não é inflação. Isso tem a ver com alguns fatores, mas os principais são o aumento do dólar e o próprio aumento do consumo de arroz durante a pandemia. Vamos analisar esses dois fatores separadamente.

FATOR 1: DÓLAR

Veja o gráfico do Google abaixo. Ele mostra que, em janeiro deste ano, o câmbio estava na casa de R$ 4,10 a R$ 4,20. Em setembro, saltou para mais ou menos R$ 5,30. Ou seja, subiu mais de 25% em apenas oito meses.

2.png

O que acontece, então, é que o produtor de arroz hoje vê muito mais vantagem em exportar. Ou seja, em vender para compradores estrangeiros, como os chineses, que pagam em dólar.

E tem mais um ponto a favor dos estrangeiros: eles compram grandes quantidades de arroz.

Vamos pensar num exemplo caseiro para ilustrar o que anda acontecendo com o arroz.

Imagine que a Dona Maria venda bolos caseiros e que quase todos os seus clientes sejam do bairro vizinho, que é onde moram as pessoas mais ricas da cidade. Ela cobra R$ 500,00 por bolo. A Dona Maria, aliás, consegue vender todos os bolos que produz a ponto de já não conseguir mais dar conta de todas as encomendas.

Convenhamos, R$ 500,00 é um preço alto por um bolo, mas as pessoas do bairro vizinho estão dispostas a pagar pelo bolo dela.

Daí, então, uma pessoa que mora no mesmo bairro da Dona Maria aparece querendo encomendar um bolo. Ela tenta convencer a Dona Maria a cobrar bem mais barato porque, naquele bairro, os bolos custam muito menos do que R$ 500,00.

A Dona Maria deve aceitar a pechincha? É claro não! Ela deve cobrar os mesmos R$ 500,00 do seu vizinho de bairro. Afinal, é aquele valor que os moradores do outro bairro pagam. Se ela topar cobrar menos, vai perder dinheiro à toa.

Pois bem, é mais ou menos isso que acontece com os produtores de arroz. Os estrangeiros — os ricos do bairro vizinho — pagam bem mais caro pelo mesmo produto e compram em grande quantidade.

FATOR 2: CONSUMO

O consumo de arroz aumentou durante a pandemia, o que gera um velho fenômeno bastante conhecido na economia, que é a “lei de oferta e procura”. Quando muita gente está querendo comprar a mesma coisa, o preço aumenta. Por exemplo, sempre que uma banda estrangeira vai fazer um show no Brasil, todo mundo quer comprar ingressos. Então, ele fica caro. O mesmo vale para o ingresso da final da Copa do Mundo. Ou seja, quando há muita procura, há pouca oferta.

Aplique a mesma lógica para o arroz. Como os brasileiros ficaram mais em casa por causa da quarentena, o consumo de arroz aumentou. Com todos querendo comprar arroz, aumentou a procura e diminuiu a oferta por esse alimento.

Mas aí você pode dizer: “ora, a produção de arroz no Brasil é enorme. Deveria haver arroz de sobra para todas as pessoas, não?”.

Em situações normais, sim. Acontece que os estrangeiros andaram comprando arroz demais. Segundo o Ministério da Economia, em 2019 inteiro, o Brasil exportou 269 mil toneladas de arroz. Em 2020, o volume cresceu muito. Só de janeiro e agosto, foram exportadas mais de 487 mil toneladas do alimento. Conclusão: é possível que o volume de exportação em 2020 seja o dobro de 2019.
Assim sendo, sobrou relativamente pouco arroz para o mercado nacional justamente no momento em que os brasileiros andam consumindo mais desse alimento. Não existe, então, nenhum motivo para os produtores de arroz quererem baixar o preço.

Pelo contrário: existe, sim, uma oportunidade para eles aumentarem o preço. Afinal, todos no Brasil estão querendo comprar um produto que está em falta. E, se o brasileiro não comprar, ele ainda pode vender para estrangeiros. Ou seja, a situação neste momento está toda favorável para o produtor de arroz.

É como se os clientes da Dona Maria que moram no bairro rico, para piorar, ainda pagassem em dólar.

PALAVRAS-CHAVE

ARTIGOSCONTROLE SEUS GASTOS

 

Política de PrivacidadeCookies que utilizamos

MAPA DO SITE:

Coletamos informações através de cookies, de acordo com nossa "Política de Privacidade" e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições. Você pode personalizar suas preferências clicando em "Cookies que utilizamos" em nosso site.

Cookies que utilizamosRejeitar cookies não necessáriosPermitir todos os cookies

Peça seu cartão