O que você vai ler neste artigo:

Você deve estar se acostumando a ler isso: o valor da cesta básica subiu em todas as capitais. Em março, mais uma vez, as 17 cidades que fazem parte da pesquisa mensal do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Econômicos e Socioeconômicos) tiveram aumentos. 

Em 2021, a cesta básica já tinha aumentado em todas as capitais. Em janeiro, subiu em 16 das 17 cidades. E, em fevereiro, subiu nos 17 municípios que compõem o estudo. 

Desta vez, em março, altas mais expressivas foram no Rio de Janeiro (7,65%), em Curitiba (7,46%), São Paulo (6,36%) e Campo Grande (5,51%). A menor variação ocorreu em Salvador (1,46%). 

O levantamento também indica quais são as cidades onde a cesta básica custa mais: São Paulo (R$ 761,19), Rio de Janeiro (R$ 750,71), Florianópolis (R$ 745,47) e Porto Alegre (R$ 734,28).

Veja abaixo o valor da cesta básica em cada uma das 17 cidades pesquisadas e quanto o custo aumento em relação ao mês anterior, segundo o Dieese:

  1. São Paulo: R$ 761,19 (6,36%) 

  2. Rio de Janeiro: R$ 750,71 (7,65%)

  3. Florianópolis: R$ 745,47 (5,36%)

  4. Porto Alegre: R$ 734,28 (5,51%)

  5. Campo Grande: R$ 715,81 (5,51%)

  6. Vitória: R$ 704,93 (3,28%)

  7. Brasília: R$ 704,65 (5,02%)

  8. Curitiba: R$ 701,59 (7,46%) 

  9. Belo Horizonte: R$ 669,47 (4,28%)

  10. Goiânia: R$ 663,48 (3,49%) 

  11. Fortaleza: R$ 635,02 (4,17%) 

  12. Belém: R$ 585,91 (1,92%) 

  13. Natal: R$ 575,33 (3,25%) 

  14. João Pessoa: R$ 567,84 (3,37%)

  15. Recife: R$ 561,57 (2,25%)

  16. Salvador: R$ 560,39 (1,46%)

  17. Aracaju: R$ 524,99 (1,58%)

O Dieese também calcula quanto deveria ser o salário mínimo para manter uma família de 4 pessoas. Em março, em São Paulo, o piso nacional deveria ser de R$ 6.394,76, que é 5,28 vezes o mínimo de R$ 1.212,00.

Em março, o morador de São Paulo precisou comprometer 67,90% do salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, para adquirir uma cesta básica. 

Em fevereiro de 2022, era necessário comprometer 63,83% da renda mínima. Em março de 2021, 61,52%.

FEIJÃO, ÓLEO DE SOJA E PÃO FRANCÊS SÃO OS ‘VILÕES’

Para que houvesse aumento da cesta básica em todas as capitais pesquisas, alguns itens que compõem a cesta contribuíram mais do que outros.

No caso de março, o feijão, o óleo de soja e o pão francês foram os principais vilões da inflação. Eles puxaram a lata geral dos preços nas cidades.

Veja abaixo como foi a variação dos itens que fazem parte da cesta básica, de acordo com o Dieese:

Feijão: aumentou em todas as capitais. Para o tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, as altas oscilaram de 1,43%, em Recife, a 14,78%, em Belo Horizonte. 

Já o feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, apresentou taxas de 1,07%, em Porto Alegre, a 6,80%, em Vitória. 

Motivo: mesmo com a fraca demanda interna, houve aumento dos preços por causa da baixa oferta do grão carioca e da redução da área plantada. Em relação ao tipo preto, a alta pode estar associada ao crescimento da procura nos centros consumidores. 

Óleo de soja: aumentou em todas as capitais, de 2,81%, em Belém, a 15,89%, em Salvador. Motivo: alto preço do petróleo, que torna vantajosa a produção de biocombustíveis. Além disso, houve aumento da demanda externa por óleo de soja, por causa da redução da produção de óleo de girassol na Ucrânia e de óleo de palma na Indonésia. 

Pão francês: aumentou em todas as cidades, por causa da redução da oferta de trigo no mercado externo, uma vez que Rússia e Ucrânia estão entre os maiores produtores mundiais do grão. As altas mais expressivas foram em Aracaju (6,63%), Goiânia (6,36%), Porto Alegre (6,13%) e Natal (5,87%). A farinha de trigo, coletada na região Centro-Sul, apresentou elevações expressivas, com destaque para as taxas de Vitória (9,30%), Campo Grande (8,90%), Goiânia (5,75%), e Porto Alegre (5,30%). 

Farinha de mandioca: pesquisada no Norte e Nordeste, teve elevação em todas as cidades. As maiores variações foram registradas em Aracaju (13,52%), João Pessoa (8,94%) e Fortaleza (4,89%). Motivo: a menor oferta da raiz e o clima desfavorável elevaram os preços da farinha no varejo.

Tomate: teve alta em 16 capitais, exceto em Aracaju (-2,52%). As principais elevações ocorreram em Curitiba (57,73%), Campo Grande (51,74%), Rio de Janeiro (47,31%), Florianópolis (36,24%) e São Paulo (35,36%). Motivo: o menor volume de tomates ofertados, com a aproximação do final da safra de verão, provocou o aumento nos preços do fruto. 

Leite integral: registrou alta em 16 cidades, sendo as maiores em Belo Horizonte (13,09%), Porto Alegre (9,84%), Vitória (9,17%), Curitiba (8,73%) e Goiânia (8,37%). Motivo: o aumento nos custos da produção de leite, a diminuição nos estoques de derivados lácteos e a competição por matéria-prima entre as indústrias sustentaram a elevação nas cotações do leite. 

Açúcar: subiu em 15 capitais, não variou em Brasília e diminuiu em Vitória (-0,77%). As maiores altas aconteceram em Salvador (3,13%), Natal (2,31%) e Belo Horizonte (1,71%). Motivo: entressafra de cana reduziu a oferta e elevou os valores no varejo. 

Manteiga: aumentou em 15 capitais, sendo as altas mais expressivas em Belo Horizonte (5,19%), Goiânia (4,41%), Curitiba (3,83%) e Natal (3,13%). Motivo: a menor oferta de leite fez crescer a importação de manteiga em março, o que explica as altas de preços no varejo.

Além de aumentar o preço dos combustíveis e dos alimentos, a guerra também tem aumentado a tentativa de golpes, porque serve de isca para fraudes. Veja neste artigo como evitá-las.