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A crise na Ucrânia, país invadido militarmente pela Rússia na madrugada desta quinta-feira (24), está longe fisicamente do território brasileiro. No entanto, os impactos econômicos estão mais próximos do que se pode imaginar.

Isso porque a crise na Ucrânia, além de envolver um país gigante como a Rússia, afeta direta ou indiretamente uma série de outras nações comercialmente relevantes para o mercado mundial, como os Estados Unidos e aliados da União Europeia.

De imediato, o preço do barril do petróleo no mercado internacional disparou nas últimas semanas. Primeiro, por causa da tensão de um iminente conflito armado. Depois, pela invasão em si.

O valor do barril do petróleo já ultrapassa barreira de US$ 105 até o momento de publicação deste texto, um patamar que não era alcançado desde 2014.

E a política de preços da Petrobras é baseada na cotação do mercado internacional, conforme explica Fábio Neves, economista com mestrado justamente em Petróleo e produtor do canal do YouTube “Economia em Quadros”, em entrevista ao Blog Amigo do Dinheiro, do Banco PAN.

Assim, o preço do barril do petróleo acaba, mais cedo ou mais tarde, sendo repassado para o bolso do brasileiro. O economista explica como se dará o impacto: “Vamos ter que desembolsar mais reais para adquirir o mesmo litro de combustível, seja a gasolina, seja o diesel ou qualquer derivado de petróleo, então isso é péssimo para a gente porque nossa inflação já está alta”, disse Neves.

De acordo com o especialista, o preço médio do combustível, “que nas capitais gira em torno de R$ 6,50 até perto de R$ 7,80, falando de gasolina comum, com certeza pode chegar a uma barreira de R$ 8, R$ 9, até R$ 10 por litro”. 

No entanto, é necessário aguardar “para saber quanto tempo essa situação vai durar”, acrescenta o economista. 

AUMENTO DO PREÇO DE MILHO E TRIGO

Também em entrevista ao Blog Amigo do Dinheiro, o economista Gilberto Braga concorda que o petróleo é o primeiro item que sente os efeitos do conflito militar e lembra que “a Ucrânia e a própria Rússia são grandes produtores de trigo e milho”. 

“Então, para o Brasil isso representa aumento de custos, porque o preço desses produtos vai subir no mercado internacional. Lembrando que o milho é muito utilizado como ração, além do seu próprio uso culinário”, disse Braga. 

Por isso, o aumento dos preços desse item “interfere nos custos de outras culturas como, por exemplo, a produção animal”, então “pode-se esperar reflexos no preço da carne”. 

“Em relação ao trigo, o Brasil também não é autossuficiente e isso deve afetar o preço do pão francês, o preço da pizza, o preço das massas. Então, tem reflexos negativos para o Brasil”, explicou Braga.

Para Neves, a inflação dos alimentos “é a pior que existe, porque é a inflação dos alimentos, que afeta principalmente o trabalhador, aquela pessoa que está vivendo de salário ou de atividades autônomas”. Para essas pessoas, continuou ele, “parte significativa da renda é destinada para alimentação”. 

Em tempos de aumento dos preços, os brasileiros já vêm adotando estratégias para fazer as compras caberem no orçamento, trocando as marcas de produtos que adquire, por exemplo. Confira como isso vem sendo feito.