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Desde que o PIX foi lançado, já foram cadastradas mais de 300 milhões de chaves, pertencentes a praticamente 100 milhões de pessoas. Basicamente, metade da população brasileira já cadastrou algum número para facilitar as transações financeiras para suas contas. 

Esse sistema, lançado no final de 2020, segue cumprindo as promessas de revolucionar o uso de pagamentos e transferências pelo público. Todas essas pessoas movimentaram, em julho de 2021, R$ 180 bilhões, em quase 550 milhões de transações.

No entanto, a facilidade de acesso ao PIX e seu caráter instantâneo, mesmo fora do horário comercial, abriu oportunidades para criminosos realizarem sequestros relâmpagos seguidos de transferências para suas contas. 

Esses casos, divulgados na imprensa, geram medo na população e receio de bancos e do Banco Central sobre como garantir a segurança da população, sem renunciar aos benefícios trazidos pelo PIX. 

A única decisão até aqui foi a limitação a R$ 1.000 por transação realizada à noite. Outras ideias, como etapas de validação para cada transação, estão em estudo pelo Banco Central.

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No entanto, mesmo com as legítimas preocupações com a segurança da população, é necessário que o Banco Central considere, antes de aumentar a burocracia do PIX, os benefícios trazidos por essa tecnologia. 

Em São Paulo, ao longo de 2021, foram registrados 200 casos de sequestros relâmpagos com uso do PIX, um número ainda muito pequeno perto das milhões de transações mensais realizadas pela plataforma.

Esses pagamentos, que trouxeram muitos usuários que fazem pequenas transações para o mundo das transferências digitais, são essenciais para inúmeros empreendedores, como vendedores de rua, revendedoras de cosméticos e outros, que passaram a receber instantaneamente, sem ter de correr o risco de golpes, como o envio de comprovante de TED ou DOC falsos que depois não apareciam na sua conta. 

Além disso, graças ao PIX, muito menos pessoas precisam usar dinheiro vivo (em papel) no seu dia a dia, o que traz ganhos de segurança gigantescos, tanto contra assaltos violentos como contra furtos. 

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Pesquisa do instituto Plano CDE mostrou que a maior parte dos pagamentos abaixo de R$ 100 eram realizados em dinheiro, antes da criação do PIX. Essa inovação permite que mesmo contas muito pequenas, como um salgado, sejam pagas de forma digital.

Com isso, o Banco Central deve, sim, pensar na segurança dos usuários ao desenvolver mudanças no PIX.

No entanto, deve ter cuidado com mudanças que gerem pagamentos mais lentos, que impactarão os pequenos empreendedores e comerciantes e que incentivem o uso de dinheiro vivo, que acabam trazendo outros riscos ainda maiores à segurança da população.

 LinkedIn: Breno Herman Mendes Barlach

Instagram: @planocde

* Esse artigo é de autoria do colunista Breno Barlach e não reflete necessariamente a opinião do Banco PAN.