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26.05.2022
PorRedacao | Millena PAN
É quase sempre assim: para assistir um vídeo qualquer no Youtube, é preciso antes ver uma propaganda em que alguém aparece, empolgado, falando sobre finanças pessoais.
O fenômeno explodiu em 2016, quando o número de visualizações desse tipo de vídeo foi de 10,6 milhões no ano anterior para 70,8 milhões, segundo um estudo do Banco Central. Rapidamente, eles fizeram a fama de alguns influencers, chamados à época de "youtubers da crise".
Não era para menos: em meio à situação delicada da economia – que, aliás, persiste até hoje –, eles cresceram no serviço global de vídeos justamente oferecendo dicas para investimentos rápidos e rentáveis e prometendo ajudar as pessoas a economizar dinheiro para o futuro.
O mesmo estudo, porém, mostrou alguns desencontros entre o que as pessoas realmente querem saber sobre finanças pessoais e o que esses youtubers têm abordado em seus vídeos.
Quase 1 em cada 10 internautas (9%) tem interesse em ouvir mais sobre cálculos financeiros – sobre como podem fazer contas para pedir empréstimos, negociar faturas atrasadas ou lidar com juros e tarifas bancárias –, porém, esse tema é ofertado por poucos influencers financeiros (só 5%).
É uma situação em que a demanda é maior do que a oferta.
O contrário também acontece: temas para os quais existem mais vídeos disponíveis do que buscas dos usuários. Isso acontece quando o assunto é investimentos de risco, por exemplo: enquanto 17% das buscas no Youtube são sobre isso, 24% dos vídeos dos youtubers de finanças abordam esse tópico.
Por que isso acontece?
No contexto dos últimos tempos, de uma crise econômica prolongada, as condições financeiras dos brasileiros têm sido impactadas significativamente – principalmente entre as classes médias e baixas.
Dados do Plano CDE mostram que muitos têm dificuldade em pagar todas as contas do mês e, por isso, não conseguem guardar dinheiro pensando a longo prazo e muito menos elaborar metas financeiras para o futuro. A renda que conseguem é quase toda utilizada para as necessidades do cotidiano.
E quando essas pessoas têm uma meta financeira, geralmente diz respeito ao antigo sonho da casa própria ou pela possibilidade de quitar as dívidas – desejo de 19% dos brasileiros de renda média. Em emergências, as saídas que esses brasileiros encontram vão de empregos informais à contração de novas dívidas.
Fica mais fácil de compreender, então, porque essas pessoas entram no Youtube procurando por tópicos como consumo consciente (17%), empreendedorismo (6%) e dívidas (5%), segundo os números do Banco Central. É que elas estão atrás de informações para lidar com suas próprias dificuldades financeiras, que são geralmente de curto prazo – resoluções para os desafios do dia a dia.
Ou seja, elas querem encontrar meios de comprar de forma mais adequada ao orçamento que possuem agora, de trabalhar por conta própria ou de pedir empréstimos com tarifas vantajosas. Enquanto isso, muitos vídeos parecem abordar mais questões de longo prazo, como diferentes tipos de investimentos, por exemplo.
São casos em que a demanda é maior do que a oferta de vídeos.
Em 2020, os vídeos de finanças pessoais foram vistos 265,8 milhões de vezes no Youtube. É um número que expressa, sobretudo, o interesse cada vez maior das pessoas por esse tipo de conteúdo.
No entanto, esse conteúdo não necessariamente é feito por especialistas ou pessoas “neutras” – muitos deles podem ser investidores com interesse nas “dicas” que passam.
Ainda sofrendo os impactos da pandemia, muitas pessoas vão à Internet atrás de respostas para esses desafios financeiros. Diante de necessidades tão básicas, como geração de renda extra, é importante redobrar os cuidados ao acessar esse tipo de conteúdo.
Pense, antes de fazer qualquer investimento de risco, se você pode se dar ao luxo de perder aquele valor. Ou, se você consegue poupar mês a mês uma parte do seu salário.
Mesmo com promessas astronômicas, nenhum investimento é melhor do que ser capaz de guardar dinheiro todo mês. E, apesar do que dizem os vídeos, duvide sempre de milagres.
BRENO:
LinkedIn: Breno Herman Mendes Barlach
Instagram: @planocde
*Esse artigo é de autoria do colunista Breno Barlach e não reflete necessariamente a opinião do Banco PAN.
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