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Se por um lado a pandemia obrigou ou motivou brasileiros a se virarem de maneira autônoma para driblar o desemprego, por outro, quase 10 milhões de pessoas no país deixaram de empreender por causa da crise sanitária. O dado consta de levantamento divulgado nesta terça-feira (8) pelo Sebrae.   

Ele faz parte relatório da Global Entrepreneurship Monitor (Monitor Global de Empreendedorismo, GEM na sigla em inglês) 2020, a maior pesquisa do mundo sobre o assunto. No Brasil, a realização do levantamento é feita pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP).

O que mostra o estudo: em 2019, havia 53,4 milhões de empreendedores, no total. No ano passado, esse número caiu para 44 milhões.

Com isso, a taxa de empreendedorismo no Brasil caiu para o menor patamar dos últimos 8 anos em 2020, a 31,6%. Essa porcentagem indica quantos empreendedores há no país em relação ao total da população adulta. Em 2019, ela havia ficado em 38,7%.  

Os números mostram ainda que o Brasil caiu do 4º lugar em taxa total de empreendedorismo no mundo para a 7ª posição.

“O mundo inteiro sentiu esse impacto, mas, no Brasil, os efeitos sobre o empreendedorismo foram mais fortes ainda”, disse o presidente do Sebrae, Carlos Melles, em comunicado à imprensa.

Mulheres foram as mais afetadas

O levantamento também mostrou que o número de brasileiros com um negócio estabelecido há pelo menos 3,5 anos caiu de 22,3 milhões em 2019 para 12 milhões em 2020. A variação é de -46%.

Em  meio a esse grupo, as mulheres empreendedoras foram as mais afetadas. O estudo mostra que, em 2020, a taxa de empreendedores estabelecidos caiu 62% entre as mulheres. 

Outros grupos mais afetados nesse indicador foram:

  • Jovens (18 a 24 anos): queda de 66%;

  • Pessoas com baixa escolaridade (fundamental completo): queda de 62%;

  • Pessoas de baixa renda (até 1 salário mínimo): queda de 66%.

Empreendedores “filhos da pandemia”

O presidente do Sebrae afirmou que houve uma mudança no perfil do empreendedor brasileiro. Aqueles mais qualificados tiveram que abandonar os negócios, enquanto “novatos” entraram no mercado para tentar ganhar a vida.

“A pandemia do coronavírus veio e derrubou o mercado todo, em especial os mais antigos. Por outro lado, por causa do desemprego, entrou muita gente nova e inexperiente que tenta sobreviver por meio de um pequeno negócio”, disse Melles.

“Podemos chamar muitos desses empreendedores de filhos da pandemia e que foram para o caminho do empreendedorismo por uma extrema necessidade de obter renda”, disse Melles.

Empreender por necessidade

De fato. Entre os empreendedores iniciais de 2020, 50,4% se lançaram à abertura de um negócio por necessidade. Em 2019, esse percentual estava em 37,5%. Por empreendedores iniciais, o Sebrae qualifica aqueles que têm negócios há menos de 3,5 anos.

Desde 2002 que não havia tantas pessoas abrindo negócios por necessidade em relação ao total de novos empresários. E, entre aqueles que foram empreender em 2020 por necessidade, 82% disseram  que fizeram isso para “ganhar a vida porque os empregos são escassos”.

O levantamento ainda indica que “ter o próprio negócio” é o 2º maior sonho dos brasileiros, de acordo com 59% das pessoas consultadas. Fica atrás somente de “viajar pelo Brasil”, que tem 64% das preferências. 

Comprar a casa própria e viajar para o exterior ficam empatados em 3º lugar, com 54% da preferência dos respondentes. 

Para estimular o empreendedorismo no Brasil, especialistas consultados pelo estudo dizem que é necessário reduzir a burocracia, ampliar o ensino e oferecer maior apoio financeiro nas fases iniciais do negócio. 

Se você está pensando em empreender ou tem um negócio novo, veja 3 dicas para fazer sua empresa render mesmo na crise.