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Todo mundo que possui cartão de crédito precisa ficar de olho no crédito rotativo, que é um recurso disponível para qualquer titular de cartão. Só que, se não for bem utilizado, ele pode provocar uma dívida difícil de pagar.

Imprevistos acontecem e, se falta dinheiro para alguma necessidade no mês, o cartão de crédito é um bom recurso para ajudar nessa hora, pois permite o parcelamento de uma compra ou até a compra à vista, mas com pagamento somente no dia de vencimento da fatura.  

Mas, para evitar pagar juros muito altos, entenda o que é o crédito rotativo, como funciona e em quais situações ele pode ser usado.  

O que é crédito rotativo?

O crédito rotativo do cartão é um tipo de empréstimo dado aos clientes que fazem o pagamento da fatura até a data de vencimento em valor superior ao valor mínimo, mas inferior ao valor total da fatura.

Quando a fatura chegar, se o valor total não for pago até a data limite, a diferença entre o valor pago e o valor total entra no rotativo. 

“É uma modalidade de crédito para financiamento da fatura de cartão de crédito, sem data e parcelas definidas para pagamento”, diz o Banco Central. O crédito é concedido quando clientes pagam um valor menor que o total da fatura, mas superior ao mínimo definido pelo banco.

A diferença entre o valor total da fatura e aquele que foi pago até a data de vencimento vira crédito rotativo. Esse empréstimo tem juros. Tanto os juros quanto o valor pendente de pagamento deverão ser quitados na fatura seguinte.

Como o crédito rotativo funciona?

Vamos imaginar uma situação na qual alguém recebeu uma fatura de cartão de crédito no valor de R$ 1.000 no mês de julho. O banco indicou na própria fatura que o valor de pagamento mínimo é de R$ 200.

O cliente não possuía grana suficiente para pagar tudo, mas tinha R$ 500 (ou seja, mais do que o valor mínimo, mas menos do que o total cobrado naquele mês). Por isso, foi paga metade da fatura, no dia do vencimento, e o restante (R$ 500) entrou no crédito rotativo.

Quando chegar a fatura do mês de agosto, serão cobrados os R$ 500 que não foram pagos da fatura anterior, somados aos juros do crédito rotativo, e esse valor entrará na sua totalidade no valor do pagamento mínimo da fatura de agosto. Isso sem contar eventuais parcelas de compras feitas anteriormente com o cartão de crédito e até novas compras.

Se a pessoa não conseguir quitar o valor total desta nova fatura, o banco deve oferecer outras opções para que o pagamento seja feito. É o que está previsto na Resolução 4.549, de abril de 2017.

Essa regra estabelece que o prazo máximo para uso do crédito rotativo é de 30 dias, até o vencimento da fatura seguinte do cartão de crédito.

Ela também determina que o banco ofereça outras formas de quitar essa fatura se o rotativo não for pago em 30 dias. Pode ser parcelamento de fatura, parcelamento de fatura automático ou outras opções de crédito. Mas todas devem ser mais vantajosas do que o crédito rotativo.  

Por que é preciso tomar cuidado?

Um dos principais problemas que podem ser gerados justamente por causa do crédito rotativo do cartão de crédito é a inadimplência. 

O próprio Banco Central afirma que não pagar ao menos o mínimo da fatura (usando o rotativo) ou não contratar um parcelamento da fatura pode causar inadimplência.

E, segundo pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo),  1 em cada 4 famílias brasileiras  não conseguiu quitar suas contas em junho. 

No caso do cartão de crédito, o saldo que não foi pago pelo cliente terá juros e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) aplicados. 

O crédito rotativo tem uma das taxas de juros mais altas do mercado. Em janeiro, ela chegou, na média do mercado, a 329%, de acordo com cálculo do Banco Central. Esse valor é uma média e varia de acordo com a instituição.

Lembre-se de que além do valor do crédito rotativo e dos juros, a fatura ainda terá o valor de parcelas de compras antigas ou de novas compras realizadas e parcelas de eventuais parcelamentos de fatura contratados anteriormente.  

Todos esses valores virão na mesma fatura após o uso do rotativo. Esse total pode ser mais alto do que a capacidade de pagamento de um cliente, por isso o ideal é sempre fazer compras com parcelas que cabem no bolso e, principalmente, pagar o valor total da fatura.

Utilize o crédito rotativo apenas se não houver outra alternativa. Caso não consiga pagar o valor integral da fatura até a data de vencimento, pague o máximo possível, para que a diferença entre o valor total e o valor pago não seja tão alta. 

Quanto menor essa diferença, menor o valor dos juros que você terá que pagar na fatura seguinte. Além disso, outras alternativas ao crédito rotativo podem contar com taxas mais baixas.

A opção de contratar um parcelamento de fatura também é vantajosa, pois a taxa de juros é inferior à taxa do crédito rotativo, e você saberá exatamente quanto pagará em cada mês, pois as parcelas têm valor fixo, permitindo que você se planeje melhor.

Um empréstimo pode ser uma possibilidade de levantar uma grana para pagar a fatura do cartão sem recorrer ao rotativo. Basta analisar a taxa de juros, a quantidade de parcelas e as condições desse empréstimo para fazer uma escolha menos cara do que o rotativo.

Além disso, sempre que for usar o cartão de crédito, veja se ele é realmente necessário ou se você pode pagar as compras de outras maneiras, sem precisar recorrer a parcelamentos. Pense se, por exemplo, comprar com débito não é uma opção melhor.

Se você está com dívidas em relação ao crédito rotativo ou outras formas de empréstimo, uma negociação pode ajudar a diminuir o tamanho do endividamento e evitar a inadimplência. Por isso, veja quando e como negociar dívidas.