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Subiu pelo 3º mês seguido a parcela das famílias que estão com contas atrasadas no Brasil, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta quinta-feira (5). 

Em julho, 25,6% das famílias brasileiras estavam inadimplentes. Elas eram 24,3% em maio e 25,1% em junho, segundo o estudo conduzido mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).  

Além disso, o levantamento também mostra que o tempo médio de atraso das contas subiu para 7,2 meses, o maior patamar desde agosto do ano passado e igual ao tempo médio registrado em setembro e outubro de 2020.

“O tempo de atraso no pagamento das dívidas também vem crescendo, reflexo das dificuldades enfrentadas pelas famílias na faixa de menor renda, em especial, para quitarem seus compromissos financeiros em dia”, afirmou a economista da CNC Izis Ferreira no comunicado sobre o estudo.

A mesma pesquisa mostra que o total de brasileiros que não vai conseguir quitar suas contas ou dívidas em atraso subiu de 10,8% em junho para 10,9% em julho. 

No mesmo comunicado sobre o levantamento, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que a inflação elevada tem diminuído o poder de compra dos brasileiros e deteriorado os orçamentos domésticos. 

“A renda dos consumidores também está afetada pelas fragilidades do mercado de trabalho formal e informal, com o auxílio emergencial deste ano sendo pago com um valor menor”, afirma Tadros.

Nos 12 meses terminados em junho, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), considerado a inflação oficial do país, ficou em 8,35%. A meta de inflação do Brasil para esse ano é de 3,75%, tendo uma tolerância possível de até 5,25%.

Saiba como negociar suas dívidas

Uma boa maneira de evitar esse tipo de situação é negociar as dívidas para melhorar a situação financeira. Muita gente não sabe como fazer isso, mas é possível, sim, sair do vermelho. 

Quem negocia dívidas consegue se planejar melhor financeiramente e, dessa forma, ter uma relação mais positiva com dinheiro, seja por contar com reservas de emergência, seja por conseguir usar o dinheiro para alcançar objetivos e realizar sonhos. 

O problema das dívidas, na verdade, é quando elas começam a limitar a vida de quem está devendo, seja por causa de juros que comem o orçamento, seja porque todos os rendimentos acabam sendo usados para quitar (ou tentar quitar) essas dívidas. 

Veja abaixo algumas dicas para negociar suas dívidas e sair do vermelho:

  • Saiba o total do valor da sua dívida

  • Entenda seus ganhos e gastos

  • Veja as condições de cada dívida

  • Faça sua proposta

  • Fique atento a feirões que limpam o nome

  • Use a portabilidade de crédito 

  • Busque especialistas em renegociação

Endividamento também aumentou

Outra constatação da pesquisa da CNC é que o total de brasileiros endividados chegou a 71,4% no mês de julho. Este número representa um recorde, mas não é necessariamente um problema.

O grande problema da dívida é quando você não consegue pagá-la. Mas dever, em si, é algo comum.

A CNC mostrou que o total de brasileiros endividados em junho correspondia a 69,7%. Já em julho do ano passado, eram 67,4%. 

Uso do cartão de crédito

Além disso, a CNC mostrou que a parcela de endividados no cartão de crédito também renovou a máxima histórica. Chegou a 82,7% do total de famílias com dívidas. 

O cartão de crédito é o meio de pagamento mais utilizado no país, devido às suas facilidades de uso. 

A economista Izis afirmou que, embora o crédito possa funcionar como fonte de recomposição da renda, com mais de 71% das famílias endividadas acende-se um alerta para o potencial crescimento da inadimplência. 

“O aumento dos juros em curso no país encarece as dívidas, principalmente na modalidade mais buscada pelos endividados hoje, que é o cartão de crédito”, disse.

De fato, nesta quarta-feira (4), o Banco Central elevou a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, para 5,25% ao ano, no maior nível desde setembro de 2019. A medida foi tomada para tentar conter a escalada da inflação.

Como é a taxa básica de juros do país, a Selic influencia nas demais taxas, como de empréstimos e investimentos.